O que é a cidade inovadora?
É um programa que desenvolvi sobre o objetivo de, com uma metodologia própria, impulsionar o empreendedorismo local, a infraestrutura adequada, a melhoria de serviços públicos, a capacitação da talentos e a promoção de tecnologias inovadoras para resolver desafios específicos da região.
Seu principal case nesse projeto é o de Florianópolis. Como ele ocorreu?
Floripa é um exemplo muito prático. Um município que estava em uma situação pior do que muitos locais gaúchos e fez uma transformação radical, há aproximadamente 10 anos, em toda a sua cadeia. Essa história começa com 12 jovens e o objetivo de não querer ir embora da terra onde nasceram, mas não havia lá oportunidades. Eles abriram seis indústrias, num primeiro momento, buscando sobreviver e não esperaram uma alguém de fora investir ou o governo tentar fazer alguma coisa. Essas seis indústrias se transformaram em mil e, de 2016 até 2020, já eram 6.500, tornando essa cidade uma das mais ricas do Brasil pela renda média.
O exemplo daqueles jovens foi fundamental para esse sucesso?
Esse é o ponto. O que começou com poucos arrastou milhares. Chamo isso de Poder do Exemplo. Uma mudança de mentalidade. É uma “inveja positiva”. As pessoas devem parar de vislumbrar ídolos inalcançáveis e olhar para quem está próximo delas e pensar: eu também posso fazer isso. Falo isso no sentido analisarmos o sucesso daquele vizinho, parente ou conhecido que montou sua indústria ou negócio, está passando por dificuldades, mas que, por sair da sua zona de conforto, está mudando sua realidade, comprando a casa própria e financiando carro. Enfim, com o projeto criamos mecanismos para estimular o inédito em qualquer município que tenha vontade de pô-lo em prática. A inovação mora nos problemas reais da sociedade. Na rua, na fila do hospital e no chão de fábrica, por exemplo, e quando a maré sobe para um, acabará subindo para todos ao redor.
Para colocar isso em prática algumas adversidades poderão ocorrer, como lidar com isso?
O papel do líder é de extrema importância. Ele deve compreender que o ambiente industrial precisa ser mais atrativo para o jovem, pois é visto como um setor “engessado”. Podemos pensar como uma questão de linguagem. Na empresa terão os colaboradores com experiencia e os mais novos e será natural o conflito entre as gerações. Com isso voltamos ao líder, ele precisa estimular o equilibro na equipe sem ignorar o passado, entretanto vislumbrando o futuro, a inovação. Essa estabilidade virá por meio das palavrinhas mágicas: respeito e empatia. Não existe nenhum ecossistema capaz de evoluir sem que as pessoas se sintam pertencentes