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Painel discute juventude, ensino e tecnologia

Quando a atual juventude chegou no Ensino Médio, junto vieram diversos questionamentos: como lidar com essa geração altamente tecnológica? qual papel do professor nesse quadro? será que eles aceitam que alguém ensine algo a eles, sendo que a internet apresenta tudo ao alcance dos dedos? Com tantas questões, na tarde da terça-feira (1°), foi realizado o Painel Ensino Médio, Juventude e Tecnologia, durante o Sesi com@Ciência, na FIERGS. O evento contou com a presença do professor Adriano Teixeira (UPF), da professora e pesquisadora Juliana Machado (Unipampa), da psicanalista e professora Luciana Gageiro Coutinho (UFF), e com a mediação do professor Maurício Perondi (Ufpel).

O componente humano e as relações dos alunos com a tecnologia permearam as três apresentações. O do professor da UPF Adriano Teixeira ressaltou que o principal diferencial entre a humanidade e as máquinas está na criatividade e na capacidade de resolver problemas. “No dia em que descobrirem que é mais vantajoso financeiramente trocarem as pessoas por robôs para fazerem trabalhos que não exijam raciocínio estamos todos enrascados”, comentou.

Sesi com@Ciência - Luciana Gageiro

Crédito foto: Dudu Leal

Já Juliana Machado, da Unipampa, fez questão de salientar que as relações com as tecnologias não substituem os professores. Ao apresentar dados de pesquisas, a professora mostrou que os docentes ainda são a principal fonte de informação dos alunos. Quando precisam se informar sobre dados relacionados a Ciências e Tecnologias eles buscam os professores em mais de 50% dos casos. “Entretanto, precisamos estar cientes que o professor não é o centro do processo pedagógico, ainda mais com o advento das novas tecnologias”, advertiu.

STEAM NA EDUCAÇÃO
Um novo paradigma da educação, sem deixar de lado todos os conhecimentos que já foram aprendidos. O Steam (Science, Technology, Engineering, Arts, Mathematics) propõe uma nova abordagem para envolver os estudantes e motivá-los em sala de aula. O mestre em Ciências pela USP e especialista em tecnologias educacionais Leandro Holanda apresentou a evolução que deu origem ao Steam e suas aplicações em um seminário para educadores no 2º Sesi com@Ciência. Holanda, que é coordenador de Steam e Ciências da Natureza no Colégio Alberto Sabin, em São Paulo, e cofundador da Tríade Educacional, abriu sua apresentação com um dado alarmante. “Os alunos começam a educação básica com um nível altíssimo de engajamento, de 95%, e esse interesse vai diminuindo progressivamente até o nono ano, quando chega a 37%”, informa. Por trás desse desinteresse pelas aulas, há uma série de causas, como a própria adolescência, mas também uma organização escolar compartimentada, com um currículo separado por disciplinas e distante da realidade dos alunos.

Para resolver essa equação, várias propostas como a Educação Maker, o Mãos na Massa e a Educação por Projetos foram lançadas. “O termo Stem, na verdade, nasceu na indústria, no final dos anos 80, e engloba ciência, tecnologia, engenharia e matemática”, explica Holanda. Depois, a expressão ganhou mais um elemento o A de Artes e se transformou em Steam. “O Steam é uma abordagem, e não uma metodologia, que fala da realização de projetos transdisciplinares”, conceitua.

Sesi com@Ciência - Leandro Holanda

Crédito foto: Dudu Leal

Para ilustrar essa abordagem, o professor citou o exemplo de uma atividade realizada com alunos do sexto ano, na escola que dá aula. Os estudantes foram convidados a trabalhar com biomas e propuseram a criação de modelos para explicar cada bioma e estimular a conscientização sobre a preservação da natureza. O projeto levou cerca de três meses para a execução e envolveu diversas áreas como Ciências, Geografia, Matemática e Artes.

Para construir as árvores que compunham cada bioma, os alunos tiveram que recorrer ao apoio da professora de Artes, que ensinou diversas técnicas para produzir árvores realistas com sucatas. Depois, eles quiseram mostrar as transformações que ocorrem na natureza, como a evaporação da água, a ação do fogo, os sons dos animais. “Para isso, eles precisaram primeiro aprender linguagens de programação e, só depois, colocar em prática suas soluções utilizando robótica”, relata. Ao final, organizaram dinâmicas de trabalho e apresentaram os resultados em um evento para os pais. “Certamente, eles saíram dessa atividade entendendo muito de biomas e assimilaram diversos outros conhecimentos”, observa Holanda.

A abordagem Steam, apresentada por Leandro Holanda no Sesi com@ Ciência, também está disponível no site do MEC, de forma mais detalhada. Basta acessar o conteúdo no espaço do Novo Ensino Médio, disponível para download gratuito.

O Sesi com@Ciência é um encontro com foco em educação que reúne, na segunda e terça-feira, das 9h às 21h, no Centro de Eventos FIERGS, estudantes, docentes e pesquisadores debatendo junto com a sociedade, analisando e projetando o desenvolvimento do Brasil nesse tema. A expectativa é pela participação de mais de 10 mil pessoas em todas as atividades nos dois dias do evento.

Confira a programação aqui.

Publicado Terça-feira, 1 de Outubro de 2019 - 18h18

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